2.4.07

Quando eu soube que Papai Noel existe


Maria Rita Berta Horn

Foi no Natal de 85, quando tinha cinco anos, a primeira e única vez que o Papai Noel apareceu na minha casa. Até aquele ano, na hora que era para ele aparecer, eu sempre dava o azar de estar fazendo outra coisa no exato momento de sua chegada.

Em 83, minha mãe mandou que eu fosse aguardar pela janela da entrada de casa. Enquanto eu fiquei lá, esperando ansiosamente, o barba branca veio pelo quintal e, como estava com pressa, relatou minha mãe, deixou os presentes e foi embora.

Em 84, fiquei do lado da árvore de Natal, resignada: “Hoje eu falo com ele”. O sono me venceu e, num rápido fechar de olhos, lá estava o ursinho e o fogãozinho que eu tinha pedido. “Ô, filha, que pena, bem na hora que tu pegou no sono, né?”. Azar, o jeito era esperar mais um ano.

A minha casa era grande, mas naquele ano eu ia conseguir. Pedi a ajuda de um dos meus irmãos. Eu cuidaria a sala e ele, maior e um pouco mais ágil, vigiaria os outros lugares. Mas o famoso bom velhinho foi bem formal desta vez. Tocou a campainha e entrou pela porta da frente. Não lembro quem o recebeu, só lembro de ter ficado quase paralisada, estupefata. Ele estava ali, na minha casa, e, dessa vez, eu consegui vê-lo!

Fomos todos para a sala e, quando ele veio conversar comigo, percebi um rosto familiar. “Com quem parece? Com quem parece?”, repetia a pergunta para mim mesma. Os presentes foram distribuídos, mas não sem antes eu receber algumas recomendações do Papai Noel: “Tem que obedecer aos pais, comportar-se no colégio e ser educada com os amigos dos teus irmãos, como o Sérgio”.

Por que ele disse aquilo? Claro, aí a semelhança com alguém fez algum sentido! O Papai Noel era o Sérgio, amigo de infância dos meus irmãos mais velhos. Não fiz nenhum comentário, continuei ouvindo o recado e recebi meus presentes. Quando ele foi embora, fiquei pensativa, absorvendo minha descoberta.

Hoje, o que me faz sorrir quando lembro daquela noite é a saudade daquela inocência, daquela tendência que as crianças têm em manter vivas suas ilusões e que a gente vai perdendo quando cresce. Sim, porque a conclusão que tive naquela noite não foi de que Papai Noel fosse uma farsa, mas que ele realmente existia — e, mais fantástico ainda, era amigo dos meus irmãos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Maria Rita,
Parabéns pelas tuas palavras. Com elas voltei muitos anos no tempo em que morava próximo dos teus pais e teus irmãos (Paulo Roberto, Alemão, Beto, Doca, Cacau). Conhecí a todos, até o Luciano, ainda bebê, tia Graça, Vô Berta, prima Soninha (que foi minha colega de turma no Colégio Floriano Peixoto). Mas a muito tempo perdi o contato. A noite passada sonhei com o Paulo Roberto (Tuti) e com o Alemão, os ví, nitidamente, como se quisessem me contar alguma coisa, e procurando por eles na internat, antes de te encontrar, encontrei na Zero Hora, a notícia do acidente do teu pai. Ele era realmente muito divertido e, tinha de ser, pela "grande família" que criou. Uma vez ele me disse: " Não tenho culpa, sou bom de mira..." e assim foi, brincando, que ele nos fazia rir, junto com o Jorge, o César, o Afonsinho, os meus irmãos Barriga e Tuto e o Rogério. Bons tempos. Procurei pelos teus irmãos na internet, querendo encontrar boas notícias, fiquei muito triste de ter sido a notícia do jornal e pelo tanto que eu sempre os admirei, os teus pais. Dê um grande beijo na tua mãe Dna Marly e um grande abraço a todos. Hoje moro em São Paulo e os meus contatos são: antoniosilvioa@ig.com.br, antoniosacosta@uol.com.br e (11)9481-4888. Aos meus queridos amigos um grande abraço, Antônio Silvio Amaral Costa

Anônimo disse...

Maria Rita, se retornares a este comentário, queira pedir ao Paulo Roberto, Alemão, Beto, que um deles me contate nos e-mails anteriores ou por telefone para saber mais notícias de vocês todos. Abraços a todos, Antônio Silvio Amaral Costa