5.4.07
Blogueiros a jato
Guilherme Machiavelli
Abri meu agregador de notícias no trabalho, esses dias. Como sempre acontece quando eu faço isso, fiquei mais ou menos uma hora só lendo as notícias, especialmente as de webdesign e relacionadas à informática: já que estou no trabalho, pelo menos que eu leia algo relacionado a ele, é o que eu penso. Mas, nesse dia específico, uma notícia me chamou a atenção especificamente. Era do site Mashable!, especializado em acompanhar as últimas modinhas do mundo online.
A notícia fazia um rápido resumo da evolução dos blogs (com gatos): começamos em 1999, com os primeiros blogs, em que as pessoas discorriam sobre seu dia-a-dia (vou escrever sobre o meu gato...); um bom tempo depois, veio o flickr, que se concentra na exibição de fotos (fotos do meu gato brincando); em 2005, surge o youtube, a grande febre da internet (vídeos do meu gato brincando). E eis que chegamos em 2007 e é criado o Twitter, a promessa de nova febre no mundo dos blogs ("1p.m. meu gato olha pela janela"; "1:02p.m. meu gato caça uma mariposa"; "1.04p.pm. meu gato come a mariposa. nojo.").
O Twitter é basicamente feito para a postagem de uma ou duas frases, seguindo o slogan da empresa: "What Are You Doing?". Entro neste exato momento e leio que damson está no pub. Xxdesmus está "no trabalho, tentando fingir que está trabalhando". E por aí vai: alguém reclama da tempestade que está caindo, outra pessoa conta que teve um pesadelo extremamente nerd.
O que me pareceu realmente muito interessante nos posts era como se assemelhavam ao texto de propagandas: falar algo muito brevemente e ainda deixando de alguma forma atrativos eventos corriqueiros. Uma sensação de que o usuário quer me convencer que sua vida é legal. Ao mesmo tempo que me parece um exercício de concisão, fico um um pouco preocupado pensando no que isso está dizendo sobre nós mesmos. Os blogs evoluíram de pedaços de texto relativamente grandes para uma frase minúscula imitando anúncios. Será que somos simplesmente engolidos por tanta informação que aquilo que nos acontece e nos motiva a escrever não merece atenção maior do que uma frase? Ou será que estamos tentando nos mostrar para o mundo da mesma forma atrativa que um anúncio? Será que nós mesmos estamos diminuindo como seres humanos com o tempo?
Pensamentos apocalípticos de lado, estou curioso para fazer um perfil e começar a postar trivialidades a jato, como um bom tecnófilo assumido. Afinal, foi impossível não me identificar com xxdesmus: comecei a pensar nisso tudo justamente quando estava matando tempo no trabalho.
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